Obra da tirolesa depende de renovação de licenças

As obras para a construção da tirolesa do Pão de Açúcar, paralisadas há cerca de dois anos, ainda não têm data para serem retomadas. Apesar de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter decidido, anteontem, manter a implementação do equipamento de lazer no ponto turístico, o cronograma das intervenções só poderá ser definido depois que todas as licenças concedidas forem renovadas, o que ainda não aconteceu. Em nota, o Parque Bondinho Pão de Açúcar informou que já deu entrada no processo para obter novamente o aval dos órgãos competentes e que em breve serão divulgados os novos prazos.
Em votação na última terça-feira, a maioria do STJ entendeu que o último recurso do Ministério Público federal, de abril do ano passado, que pedia a paralisação emergencial da empreitada, não seguiu as regras legais: não expôs de forma clara se houve violação de alguma lei federal nem apresentou provas sobre possíveis danos ao patrimônio. De acordo com o MPF, "é irreparável o dano quando toneladas da rocha dos dois morros são progressivamente cortadas por britadeira".
‘balde de água fria’
Segundo os ministros que votaram pela retomada do projeto, "a paralisação da obra " que já está 95% concluída " causaria mais prejuízos ao patrimônio público do que sua finalização". O caso agora está com a Procuradoria-Geral da República, que não informou se vai recorrer da decisão e levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os que são contra o projeto, como a Associação de Moradores da Urca (Amour), que integra o movimento Pão de Açúcar Sem Tirolesa, a decisão foi recebida com pesar.
" Foi um balde de água fria. Não esperávamos. O Pão de Açúcar não é da Urca, é da cidade do Rio. Queremos, sim, proteger a Urca de um impacto maior, mas a nossa preocupação é com a preservação de um patrimônio " disse a presidente da Amour, Celineia Paradela Ferreira. " Estamos nos articulando para responder. O que dá pena é que, enquanto isso, vão continuar mutilando o nosso bem, que é o Pão de Açúcar.
Responsável pelo tombamento do ponto turístico, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que, até o início da noite ontem, não tinha recebido "nenhuma solicitação formal referente à retomada das obras".
A tirolesa ficará a 395 metros de altura e vai ligar os morros da Urca e do Pão de Açúcar, sendo, de acordo com a empresa, "um complemento à contemplação do ponto turístico". Serão 755 metros entre os dois pontos. De capacete e proteção facial, o aventureiro pode cruzar os dois morros em até 100km/h numa cadeirinha de tecido ultrarresistente, presa por equipamentos de ponta aos cabos. A capacidade do brinquedo não passará de cem pessoas por hora, e serão gerados 52 empregos diretos.